CORREIO DA CARNEIRO - DEPARTAMENTO CURRICULAR DO 1.º C.E.B. DO A.F.G.CHAVES

sábado, 6 de dezembro de 2008

Provérbios da Bruxa e o Caldeirão...

Nós, as turmas de adultos do 1º ciclo, também fizemos um pequeno trabalho sobre a obra " A Bruxa e o Caldeirão". É uma lista de provérbios que inventámos, juntamente com as nossas professoras.



1 - Caldeirão furado, sapo encantado.
2 - Bruxa feia, apaga a candeia.
3 - Caldo embruxado, rabo molhado.
4 - Caldeirão " mijado", manjerico estragado.
5 - De bruxa desdentada, só sai asneirada.
6 - Ronca a bruxa, coaxa o sapo.
7 - Bruxa envenenada, vida amargada.
8 - Vendedoe aldrabão, bruxa no caixão.
9 - Arruda no pote, bruxa no caixote.
10 - Fogo de bruxa, queima a carapuça.
11 - Queima o rabo, assenta o cú no lago.
12 - Velha bruxa gaiteira, faz a sementeira.
13 - Sapo no canavial, coaxa no Carnaval.
14 - Sopa de Carnaval, leva nabal.
O Grupo dos Adultos do 1º ciclo

O Natal de Margarida!!



Era uma vez uma menina chamada Margarida, tinha os olhos azuis, os cabelos loiros e era pobre.A menina perguntou aos seus pais porque é que não festejavam o Natal e a mãe respondeu que o dinheiro nem para os alimentos chegava quanto mais para o Natal.A menina pôs o seu cérebro a trabalhar, foi buscar argila perto de sua casa para fazer Jesus, Maria e São José.Quando a Margarida acabou de os moldar pintou-os.Quando o seu pai chegou a casa pediu-lhe para cortar um pinheiro, porque o pai era lenhador.Amenina foi ao lixo buscar fitas e pelo cominho apanhou pinhas para enfeitar o seu pinheiro.Quando acabou de o enfeitar ficou muito bonito.Quando os seus pais o viram ficaram admirados e disseram que estava muito bonito.Assim fizeram um Natal sem gastarem dinheiro.

AGRADECIMENTO À ASSOCIAÇÃO DE PAIS/ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO

O Departamento Curricular do 1.º CEB agradece à Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento Dr. Francisco Gonçalves Carneiro todo o apoio que tem dado às escolas, aos alunos, aos professores e a disponibilidade que tem mostrado na divulgação e presença (fazendo-se representar por alguns elementos), em eventos organizados pelo Departamento.
Em nome de todos os professores deste Departamento um bem-haja a esta Associação.

CERTIFICAÇÃO DE ADULTOS “OS NOSSOS MENINOS!”

Este mundo que parece tão à parte!!! Tão próximos!!!... que faz de nós tão afortunados pela riqueza de gente que aí se encontra à espera de receber e de dar muito.
Para todos eles o nosso mais sincero agradecimento, pela vontade sempre entusiasta em participarem do que é nosso… vosso… deles.
A sua integração em toda as actividades tem-nos dado lições de vida tão ricas que não os podemos deixar “escapar”… seja por que motivo for.
A todos os alunos deste nível de ensino os nossos parabéns pela forma humilde e calorosa com que nos têm acarinhado e transmitido os segredos da sua longa experiência.

FORMAÇÃO PARA PROFESSORES DO 1.º CEB

No âmbito da formação promovida pelo Ministério da Educação em parceria com a instituição do ensino superior UTAD, os professores do 1.º ciclo estão a receber formação nas áreas de Ciências Experimentais e Matemática.
A referida formação vem de encontro às políticas educativas europeias, no sentido de actualizar o sistema de ensino, pondo em prática as reformas que têm vindo a ser feitas ao longo dos anos.
Na área da Matemática os professores estão a trabalhar de acordo com o novo programa, tendo acesso a materiais que utilizam na parte prática da formação junto das suas turmas…. material Polydron, material Multibásico, ….
As aulas nas suas turmas tornam-se muito mais participativas e lúdicas e os alunos aprendem os conceitos com mais facilidade.
Na área das Ciências Experimentais, de carácter obrigatório no 1.º ciclo e cuja duração semanal é de duas horas e meia, o envolvimento dos docentes é enorme.
Nas primeiras sessões da formação trabalharam-se os temas: luz, sombras e espelhos e foram feitas aulas práticas no terreno.
O produto destas aulas tem vindo a ser relatado pelos docentes como muito aliciante para os alunos e importante para a formação de novos cientistas no nosso país.

Formação Parental/EPN

O Departamento do 1.ºCiclo levou a cabo três sessões de formação para pais, ao longo do 1.º período, no auditório da escola sede, com a colaboração da Escola de Pais Nacional.
As respectivas sessões decorreram nos dias 30 de Outubro, 14 e 21 de Novembro e contaram com a presença de pais dos alunos do Agrupamento, onde foram abordadas temas relacionados com a disponibilidade dos pais para com os filhos, desenvolvimento infantil, castigos e recompensas, educação sexual/educação para o amor, importância do ambiente familiar na educação dos filhos…
Os representantes da Escola de Pais Nacional, neste concelho, Isaura Sousa, Hermínio Rodrigues, e Elisa Tomáz fizeram os contactos com os formadores que se disponibilizaram a colaborar com o Departamento no sentido de tornar esta actividade exequível.
Tivemos a honra de ter connosco, como formadores, o presidente da Direcção da EPN Manuel Amílcar Freitas e a esposa Isabel Freitas.
À EPN e a todos os pais que connosco colaboraram nesta iniciativa, os nossos agradecimentos.

Comportamentos/Adesão

No âmbito do Projecto de Saúde Escolar, implementado pelo Centro de Saúde N.º2 de Chaves junto das escolas do 1.º ciclo, contemplado no Plano Anual de Actividades do Departamento do 1.º CEB, realizaram-se, ao longo do 1.º período, duas formações para professores, com a psicóloga Dra. Helena Vieira, “Como manter estilos de vida saudáveis” e “Mudança de Comportamentos” realizadas nos dias 19 e 26 de Novembro de 2008. Os objectivos das mesmas eram elucidar os intervenientes sobre a melhor forma de lidar com o desgaste físico e intelectual que a profissão provoca e reflectir sobre factores causadores desse mal-estar.
As acções tiveram um carácter mais prático abrindo, assim, a participação de todos os intervenientes. Discutiram-se formas correctas de gerir o tempo e o desenvolvimento de actividades que ajudem os docentes a viver mais felizes, no sistema de vida actual. Todos os participantes saíram da formação bem dispostos…

História do dia



Por causa de uns Cabritos
António Torrado (escreveu)
Cristina Malaquias (ilustrou)

Era uma vez um homem. Era uma vez uma mulher. Encontraram-se, agradaram-se um do outro e vai daí casaram-se. Esta história começa onde as outras acabam. Mas há mais para contar. A mulher levou para a nova casa uma cabrinha de que nunca se apartara.
O homem levou um bode, que sempre lhe fizera companhia. Já se vê que a cabra e o bode apreciaram a ideia. Meses depois nasceram cabritos.
- Vou vendê-los no mercado e com o dinheiro que ganhar quero comprar umas coisas para mim - disse o homem.
- E para mim? - perguntou a mulher, fazendo cara feia.
- Para ti? - admirou-se o homem.
- Os cabritos pertenciam-me. A tua cabra, quando veio cá para casa, não tinha cabritos. O meu bode é que lhos fez.
Portanto, os cabritos pertencem-me. Posso fazer deles o que eu quiser. Não era este o ponto de vista da mulher. Quando há pontos de vista opostos, há discussão. Às vezes, a discussão escorrega para zanga. Foi o que aconteceu. Fizeram mais barulho do que deviam e os vizinhos foram queixar-se ao juiz. Ele, que sabia julgar, que decidisse daquele caso.
O juiz, um rapaz novo e bem disposto, ouviu a história, pensou um bocadinho e disse:
- Eu hoje não posso tratar desse caso, porque tenho de ir avisar a minha mãe de que o meu pai deu à luz um bebé.
Ficaram todos muito espantados. Depois, desataram a rir. Quando o dono do bode ouviu a resposta do juiz também se riu. E a mulher com ele. Aliás, ela ainda se riu mais. Estava tudo esclarecido.
Tempos depois, na casa do homem e da mulher que por pouco não fora abaixo por causa de uma discussão de cabritos, nasceu um menino. Dos dois, já se vê.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

História do dia




Manuel e Manuela


António Torrado (escreveu)


Cristina Malaquias (ilustrou)


Eles saíram desalvorados para a escola.
- Escusam de ir a correr - disse-lhes a mãe.
- Têm tempo.
Manuel e Manuela refrearam a marcha. Se a mãe lhes dissera que tinham tempo é porque tinham.Logo ali, quase à mão de apanhar, umas tangerinas, penduradas de um ramo, que lhes dizia adeus. O Manuel trepou ao muro e raptou duas tangerinas da tangerineira, uma para ele outra para a irmã. Fresquinhas. Deliciosas.
- De quem é o quintal? - perguntou a Manuela ao Manuel.
- É do cabo Octávio, da Guarda Republicana disse o Manuel.
- E se ele sabe? - assustou-se a Manuela, que gostava de assustar-se.
Mas já tinham comido as doces tangerinas.Continuaram o caminho e logo por azar, à entrada da escola, deram com o cabo Octávio, postado de sentinela.
Os dois irmãos, ao verem-no, esconderam-se atrás de uma árvore.
- E se ele descobre? - assustou-se a Manuela.
- Cheira-nos as mãos, que ainda cheiram à casca das tangerinas, e prende-nos.
Claro que era um exagero, uma tolice, mas quando se tem a consciência pesada só se pensa no pior.
- Vamos lavar as mãos ao rio - lembrou o Manuel.
Foram. O perfume da tangerina é que não saía nem por mais uma.
- Temos de arranjar sabão para lavar as mãos como deve ser - disse o Manuel.
Lavadeiras tinham deixado lençóis a secar, estendidos nas pedras lisas da beira-rio. E um bocadinho de sabão.
- Há-de ser da senhora Angelina, lavadeira - disse a Manuela.
Lavaram conscienciosamente as mãos, muito bem ensaboadas, mas o sabão escorregou-lhes e foi ao fundo. Não era grande a perda.
Eles a retomarem o caminho para a escola e a verem, ao longe, a senhora Angelina, com mais uma carga de roupa para lavar. Vinha em direcção a eles. Claro que a Manuela e o Manuel, por causa da história do sabão, fugiram, sem que a lavadeira percebesse porquê.
Fugiram e perderam-se.Quando retomaram o caminho e chegaram à escola, onde já não pairava a sombra do cabo Octávio, a aula tinha começado há que tempos.
- Hão-de dizer à vossa mãe para passar a acordar-vos mais cedo.
Os dois irmãos disseram que sim. Que mais podiam eles dizer?
A professora ralhou-lhes pelo atraso.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

HISTÓRIA DO DIA




Táxi
António Torrado (escreveu)
Cristina Malaquias (ilustrou)

Deram ao cachorrinho o nome de "Táxi". Com tantos nomes disponíveis, logo foram escolher este! Mas ele não se importava.
- Táxi - chamavam.
E ele vinha, a dar ao rabo, sempre contente. Mas eram os donos de má qualidade. Gostavam de brincar com o cachorrinho, pois gostavam, mas quando o viram crescer e transformar-se num grande cão disseram:
- O Táxi só está a estorvar. Não podemos mantê-lo cá em casa.
Abandonaram-no. Há gente assim, sem coração. O Táxi viu-se no meio de uma rua, com grande movimento, e desorientou-se. Cheirou o ar e não deu com o caminho de casa. Nem valia a pena. Supomos que o Táxi suspeitava que já não o queriam. Tinha de conformar-se. Ia ser um cão vadio, um cão de rua, um Táxi sem dono nem passageiro.
- Táxi - chamaram, perto.
Ele acorreu ao chamamento.
- Sai daqui, cão - enxotou-o uma senhora, que ia a apanhar um táxi.
- Táxi - chamaram, mais adiante.
O cão não se fez esperar, mas um senhor cheio de embrulhos, que ia a entrar num táxi, deu-lhe um pontapé. Ele não percebia. Chamavam-no e logo o rejeitavam. Gente esquisita. De desilusão em desilusão, foi ter a uma praça de táxis. Mero acaso. Um motorista, que estava à espera de freguês, partilhou com ele uma bucha com queijo.
- Como te chamas? - perguntou-lhe o motorista por perguntar.
Se ele pudesse responder... Fosse como fosse, talvez por afinidade, foi-se deixando ficar. Os motoristas acharam graça à alegre pressa com que ele se levantava dos quartos traseiros quando alguém pedia um táxi.
- É cá dos nossos - diziam.
E adoptaram-no. Continuava a ser um táxi livre, sem dono, mas protegido por uma quantidade de amigos.
Afinal o nome Táxi sempre lhe valera para alguma coisa.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

HISTÓRIA DO DIA




Não tem Escolha

António Torrado (escreveu)

Cristina Malaquias (ilustrou)

A ele não valia a pena perguntarem-lhe o que queria ser quando fosse grande. A resposta, quisesse ele ou não quisesse, só podia ser uma:
- Rei.
Tinha de ser. Pois se ele era príncipe, filho único de um senhor rei, que outra coisa, profissão ou destino podia caber nos seus projectos de futuro?
Pensando nisto, o príncipe, que não tinha vontade nenhuma de ocupar o trono dos seus antepassados, entristecia.
Uma vez, ouvira o jardineiro dos jardins reais queixar-se:
- O meu filho, que eu gostava tanto que fosse jardineiro como eu, diz que não tem vocação para a jardinagem.
Se ele dissesse o mesmo (isto é, o equivalente!), o que é que aconteceria?
Encheu-se de coragem e disse.
O rei, que era um homem compreensivo, respondeu-lhe:
- Meu filho, eu, quando tinha a tua idade, queria ser arquitecto, mas o teu avô deixou-me esta obrigação, que havia eu de fazer?
Por sinal que era um rei muito dado a construções. Se o queriam ver feliz, mostrassem-lhe projectos de obras públicas, hospitais, escolas, novas cidades. O rei ficava encantado, dava opiniões, discutia com os arquitectos e os engenheiros como se fosse um deles.
- Se não tivesses de ser rei, o que é que gostavas de ser, quando fosses crescido? - perguntou o rei ao príncipe.
- Gostava de ser veterinário - respondeu o príncipe.
- Não vai ser fácil. Um rei veterinário não é muito comum. Há casos de reis-soldados, de reis-marinheiros, de reis-músicos, mas de reis-veterinários não tenho ideia. No entanto, vou pensar no assunto.
Era um bom pai e um bom rei. Em segredo, começou a projectar um grande jardim zoológico. Desenhou tudo muito bem desenhado, como se fosse um arquitecto.
Quando tinha a obra toda projectada, estendeu os rolos dos projectos diante dos olhos do filho e disse-lhe:
- Ficam ao teu cuidado, para que tu construas o jardim, quando fores rei.
Mas o pai podia mandar construir agora - disse o príncipe.
- Quero que fique à tua responsabilidade. Quando eu morrer, deixo-te o reino e estes projectos, para que te ocupes deles.
Assim sucedeu. O príncipe tornou-se rei. Não tinha outra alternativa. Uma vez coroado, dedicou-se com entusiasmo aos trabalhos de governação. Mas com mais entusiasmo se dedicou a levantar o jardim zoológico, que, uma vez pronto, maravilhou o mundo.
Ao jardim deu o nome do senhor rei seu pai, que tinha querido ser arquitecto.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

HISTÓRIA DO DIA


Grandes Bigodes
António Torrado (escreveu)
Cristina Malaquias (ilustrou)

Era um senhor com uns grandes bigodes. Tinha muita vaidade nos seus imensos bigodes, muito espetados, metade para cada lado e um risco ao meio para se assoar à vontade.
À noite, dormia de barriga para o ar, porque não queria amachucar os bigodes. De manhã, demorava mais tempo a pentear e alisar os bigodes do que a lavar-se. Mas lavava-se, podem crer!
No autocarro para o emprego, sempre muito cheio de gente, acotovelava à esquerda e à direita, para que não fossem de encontro aos seus belos bigodes. Ao almoço, não comia sopa, para não sujar os bigodes. Nem ao jantar.
- Parece que está com uma guia do bigode mais comprida do que a outra - disseram-lhe, uma vez.
O senhor dos grandes bigodes não descansou enquanto não chegou a casa. Mirou-se e remirou-se ao espelho e, de tesoura na mão, cortou uma pontinha de um dos lados do bigode.
- Assim já está certo - disse.
Mas talvez não estivesse... Então, cortou uma pontinha do outro lado.
- Agora é que está - disse.
Mas parecia que ainda não estava...
Passou a noite a cortar, ora dum lado ora do outro, sempre descontente, sempre impaciente. E, quando chegou a manhã, o senhor dos grande bigodes já não tinha bigode.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

HISTÓRIA DO DIA




O Bolo-Rei

António Torrado (escreveu)

Cristina Malaquias (ilustrou)

O bolo-rei tomava-se muito a sério. Não havia discussão: ele era o rei dos bolos.Como tal, quando lhe caiu uma passa da coroa, ordenou ao bolo-inglês:
- Traz-me essa passa de volta.
O bolo-inglês fez-se desentendido e respondeu:
- Sorry! I don't understand...
O que queria dizer na dele que pedia desculpa, mas não tinha entendido.
Então, o bolo-rei virou-se para um bolo de natas e deu a mesma ordem. Queria, outra vez, a passa a ornamentar-lhe a coroa.
O bolo de natas tinha uma fala atrapalhada, por causa do excesso de natas.
- Flá, plefe, pflu, pfló... Não se percebia nada.
O bolo-rei, muito irritado, ordenou ao bolo de amêndoa, que lhe respondeu:
- Também a mim me caiu uma amêndoa torrada e não me queixo.
O bolo-rei, cada vez mais exasperado, deu a mesma ordem a um pudim de gelatina, mas o pudim de gelatina era muito frágil, muito nervoso e só tremeu, tremeu, incapaz de dizer ou fazer o que quer que fosse.
- São uns rebeldes estes meus súbditos - concluiu, numa grande exaltação, o bolo-rei.
- Condeno-os a que sejam todos cortados às fatias.
E assim aconteceu. Mas nem o bolo-rei escapou.

domingo, 30 de novembro de 2008

HISTÓRIA DO DIA


As Traças
António Torrado (escreveu)
Cristina Malaquias (ilustrou)


Eram duas traças. Tinham ido parar ao meu sobretudo, guardado no Verão, para voltar a servir no Inverno. As duas traças não me conheciam de parte alguma. Por isso não podiam pedir-me autorização para se servirem, à maneira delas, do meu sobretudo.

Naquele guarda-vestidos havia mais roupa pendurada, mas o sobretudo azul-escuro, de lã macia, era o que mais lhes convinha. Quando, chegado o Inverno, dei com dois buracos na lapela do meu sobretudo, barafustei:
- Malditas traças! Não há naftalina que as detenha.
Talvez estas traças estivessem constipadas ou a naftalina que eu tinha espalhado pelos bolsos do sobretudo fosse de má qualidade... Talvez estas traças não respeitassem nada nem ninguém, nem sequer senhores de sobretudo ou sobretudos sem senhores...
- Logo na lapela, tão à vista de toda a gente. Podiam antes ter traçado o forro ou as abas, atrás. Assim, inutilizaram-me o sobretudo. Não tem remédio.
Devia haver uma maneira de avisar as traças a não roerem lapelas, golas e peitilhos de casacos e sobretudos. Talvez mudassem de hábitos.
Eu, neste Inverno, particularmente frio, tenho andado de sobretudo, o azul-escuro de lã macia, o traçado... Mas com uma particularidade: sempre com uma flor na lapela.
É para tapar os buracos feitos pelas traças. Os meus amigos não sabem e dizem-me que ando com um ar festivo.
- Andas tão alegre, neste Inverno - comentam.
Se eles soubessem...

PROVÉRBIOS DE DEZEMBRO



Dezembro com Junho ao desafio, traz Janeiro frio.
Dezembro frio, calor no estilo.
Em Dezembro, treme de frio cada membro.
Nem em Agosto caminhar, nem em Dezembro marear.
Nuvens em Setembro: chuva em Novembro e neve em Dezembro.
Mal vai Portugal , se não há três cheias antes do Natal.
Do Natal a Santa Luzia cresce um palmo o dia.
Noite de Natal estrelada dá alegria ao rico e promete fartura ao pobre.
Natal a assoalhar e Páscoa ao luar.
Em Dezembro descansar para em Janeiro trabalhar.
Depois que o Menino nasceu, tudo cresceu.
Pela Santa Luzia, minga a noite e cresce o dia.
Dezembro de frio e neve,
Dias pequenos sem luz:
Mas foi no mês de Dezembro
Que veio ao mundo Jesus.
In “Cantares de todo o ano”
Em Dezembro corta lenha e dorme.
Dos Santos ao Natal bico de pardal
De S.ª Catarina ao Natal, um mês igual.
Dezembro com Junho ao desafio, traz Janeiro frio
Dezembro frio, calor no estio.
Dia de S. Silvestre (31/12), quem tem carne que lhe preste.
Do Natal à Sta. Luzia, cresce um palmo em cada dia.
Dos Santos ao Natal, é Inverno natural.
Ande o frio por onde andar, há-de vir pelo Natal.
Caindo o Natal à 2ª feira, tem o lavrador que alugar a eira.
De Santa Catarina ao Natal, mês igual.
De Santos a Santo André, um mês é; de Santo André ao Natal, 3 semanas.
Do Natal a Santa Luzia, cresce a noite e mingua o dia.
Dos Santos ao Natal, cada dia mais mal; do Natal ao Entrudo, come capital e tudo.
Mal vai Portugal se não há 3 cheias antes do Natal.
Não há ano afinal que não tenha o seu Natal.
Natal ao sol, Páscoa ao fogo, fazem o ano formoso.
Natal em casa, junto à brasa.
Natal na praça, Páscoa em casa.
Natal à 6ªfeira, guarda o arado e vende os bois.
No dia de Natal têm os dias bico de pardal.
No dia de S. Silvestre, não comas bacalhau que é peste.
No Natal semeia o teu alhal se o quiseres cabeçudo, semeia-o pelo Entrudo.
Para que o ano não vá mal, os rios enchem 3 vezes entre S. Mateus e o Natal.
Pelo Natal se houver luar, senta-te ao lar; se houver escuro, semeia outeiros e tudo.
Pelo Natal, cada ovelha no seu curral.
Pelo Natal, neve no monte, água na ponte.
Pelo Natal, sachar o faval.
Pelo Natal, tenha o alho bico de pardal.
Quando o Natal tem o seu pinhão, a Páscoa tem o seu tição.
Quem quer bom ervilhal semeia antes do Natal.
Quem varejar antes do Natal, deixa o azeite no olival.
Se queres a desgraça de Portugal, dá-lhe 3 cheias antes do Natal.
Se te queres livrar de um catarral, come uma laranja antes do Natal.
Tudo a seu tempo, e os nabos no Advento.
Ande o frio por onde andar, no Natal cá vem parar.
Depois que o menino nasceu, tudo cresceu.
Em Dezembro descansa, em Janeiro trabalha.