CORREIO DA CARNEIRO - DEPARTAMENTO CURRICULAR DO 1.º C.E.B. DO A.F.G.CHAVES

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Uma visita inesperada

Foi na noite de Consoada que um anjo apareceu, na casa de pessoas muito ricas e que disse à dona da casa que Jesus ia aparecer.
A dona ficou muito emocionada. Nunca lhe acontecera tal coisa.
Ficou tão entusiasmada que começou a preparar um jantar muito requintado.
Encomendou muitos pratos bem apresentados.
De repente uma mulher pobrezinha, que precisava de ajuda tocou-lhe à campainha.
A mulher rica não se importou e mandou-a embora.
Voltou para a cozinha e meteu-se na sua vidinha de má.
Mais tarde apareceu um homem cheio de óleo e pediu-lhe para usar o telefone mas ela não deixou.
Voltou para a cozinha e continuou a limpar as pratas, os cristais e as porcelanas.
Ouviu a campainha de novo, ficou muito enervada e foi abrir a porta.
Apareceu-lhe um menino faminto que lhe pediu de comer.
Ela fechou-lhe a porta.
Por fim jantar estava pronto.A família já estava com a barriga a dar horas.Só faltava chegar Jesus.
Fartos de esperar foram para o sofá e adormeceram.
Na manhã seguinte o anjo apareceu e disse que Jesus tinha estado em sua casa mas ela não O quis ver.
As pessoas que foram à sua porta eram Jesus.
FIM!
(Carina 3º ano Santo Amaro)

Avaliação da Escrita dentro da Sala de Aula

Regra geral, os alunos partem do princípio que a sua missão é escrever e a do professor avaliar. No entanto, deve-se trabalhar para que este ponto de vista se altere: os alunos devem começar a ser também leitores – críticos daquilo que escrevem, adquirindo responsabilidade e capacidades suficientes para decidir se os objectivos ao escrever um determinado texto foram cumpridos, e para admitir o que está errado no texto, pois sem a noção do mal há pouca ou nenhuma esperança de que esses erros venham a ser corrigidos.
Um momento importante da avaliação escrita ocorre quando é fornecido ao aluno “feedback” acerca do que foi escrito, pois só assim poderá saber o que fez bem e quais os aspectos que terá de melhorar.
É também comum os alunos pensarem que avaliar o trabalho de outrém, é equivalente à procura de erros – de ortografia, pontuação, estruturas gramaticais, ordem frásica , etc. Ora avaliar um texto escrito passa, incontestavelmente, pela verificação dos erros que ele contém, mas passa fundamentalmente, pela comparação entre o que o aluno queria escrever e entre aquilo que o leitor lê.
Como já foi referido, é vantajoso que o professor se coloque, aquando da avaliação de um texto escrito, na posição de leitor e não apenas na posição de avaliador e classificador. Isto implica que no momento da resposta / avaliação do texto, o professor deva reforçar os aspectos positivos, e não apenas apontar os erros e incorrecções. Será também útil se os alunos lerem e comentarem o trabalho uns dos outros. No entanto, o professor, no momento de avaliar e corrigir um enunciado escrito, deve lembrar-se de alguns factores: o professor deve-se concentrar, maioritariamente, nos erros que têm um efeito global – isto está relacionado com os erros que colocam em risco o significado do texto e não apenas de uma frase; deve também estabelecer prioridades no que diz respeito à correcção dos erros – querer resolver todos os problemas ao mesmo tempo, apenas vai confundir e desmotivar o aluno.
Após a correcção dos erros, por parte do professor, o aluno deve analisar e descobrir onde e porque falhou.
Ao corrigir o trabalho escrito de um aluno, o professor deve valorizar:*


CRIATIVIDADE*

ESCRITA CLARA*

ENCADEAMENTO DAS IDEIAS*

PARTES DO TEXTO*

PARÁGRAFOS*

CORRECÇÃO ORTOGRÁFICA*

O ESTILO DO ALUNO

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

RELAÇÃO FAMÍLIA /ESCOLA

Família e escola, são realidades diferentes mas complementares no percurso de construção do indivíduo. Como concluem Mounnier e Pourtois citados por Menezes, (1990, p. 83) o seu “(...) significado cultural, económico e existencial (...) reside no encontro dinâmico das realidades, valores e projectos”.

Actualmente, é difícil negar o papel determinante que a comunidade em geral, e especificamente a família, desempenham na escola. Um papel baseado, não na dependência mas, numa cooperação que se torna essencial assegurar.

Neste sentido, e num contexto de mudança cada vez mais rápido, torna-se necessária a reconceptualização da relação família/escola.

Jantar Convívio de Natal/Agrupamento Vertical Dr. Francisco Gonçalves Carneiro

mensagens para orkut


Vai realizar-se no próximo dia 18 de Dezembro, pelas 20.00 horas, no Restaurante da Albergaria Borges (Outeiro Jusão) o tradicional Jantar de Natal, para confraternização de Pessoal Docente e Não Docente
Todos os interessados (incluindo Associação de Pais) em participar nesta confraternização, devem proceder à sua inscrição na Dª Teresa, no bar dos Professores, até ao próximo dia 16 de Dezembro.

Ementa:
Entradas variadas
Prato Misto de Cabrito e Leitão
Vitela Assada (opção)
Buffet de Sobremesas
Sobremesas da Quadra Natalícia
Bebidas variadas e café

Preço por Pessoa: 17,5 euros



HISTÓRIA DO DIA


O Gosto das Bruxas


António Torrado (escreveu)

Cristina Malaquias (ilustrou)

Era uma vez uma menina que estava presa, na torre mais alta de um castelo.Ela era um princesa, mas não lhe valia de nada, porque perdera os seus pais e o reino, numa guerra que o dono do castelo, já se vê, é que ganhara.
Ainda era o tempo das fadas. Por isso a menina disse, para que as paredes ouvissem:
- Se uma fada me salvasse, fosse boa, má ou assim-assim e eu repartia a meias com ela o tesouro do meu perdido reino, que só eu sei onde está enterrado.
As paredes toda a gente diz que têm ouvidos. Estas ouviram, passaram palavra e daí a nada uma velha fada apareceu na sala.
- Vou dar volta à tua vida - disse a fada.
- És uma fada boa? - perguntou a menina.
- Nem por isso - respondeu a fada.
Era uma fada assim-assim e para provar que não era das melhores, mas também não era das piores, impôs, à partida, uma condição. Salvava a menina, mas, antes, ela tinha de adivinhar-lhe o nome. E avisou logo que não tinha um nome muito mimoso.
- Serafina - disse a menina.
Nem pensar. Não era Serafina nem Leopoldina nem Marcolina. Nem Eufrásia nem Tomásia. Nem Quitéria nem Pulquéria. Nem Aniceta nem Eustáquia nem Teodósia nem Venância nem Bonifácia nem Gregória. Nem sequer Capitolina.
A princesa esgotou os nomes mais esquisitos que conhecia. E a fada sempre com a cabeça a dizer que não. Até que propôs o seguinte negócio:
- Salvo-te, mesmo que não descubras o meu nome, mas fico com o tesouro só para mim. Todinho!
A menina concordou. Não tinha outro remédio. Vai daí a fada pronunciou umas palavras mágicas e ela e a princesa atravessaram as paredes da prisão. Uma vez em liberdade, a princesa ensinou o local onde estava escondido o tesouro e pronto, a história acaba aqui.
E o nome da fada-bruxa?
Também a menina quis saber.
- Chamo-me Joaninha - respondeu a fada-bruxa, baixando os olhos, envergonhada.
- Mas Joaninha é um nome bonito - estranhou a princesa.
- Eu não acho - disse ela.
- Gostava mais de ser Virgolina Zebedeia.
Vá lá a gente entender o gosto das bruxas.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008



Três Bastonadas

António Torrado (escreveu)

Cristina Malaquias (ilustrou)

Esta história aconteceu num tempo que até custa a recordar. Dói. Dói muito. Mas há dores e ardores que fazem bem, que curam. Por exemplo, um pacho de água oxigenada em cima de um arranhão (ou mesmo uma gota de álcool) desinfecta. Claro que dói, mas sopra-se, alivia e passa.
É o que vai acontecer com esta história, prometo.
Nesse tempo, os filhos de servos eram servos também.
Os pais trabalhavam, nos campos ou nos castelos dos senhores fidalgos, e os filhos, mal podiam carregar com um balde de água ou manejar uma enxada, eram também obrigados a trabalhar. Escolas? Não havia. Leis que protegessem a infância? Estava-se ainda muito longe de pensar nisso.
Vamos chamar José ao rapaz da nossa história. É órfão e servo. Vai ser castigado. Injustamente.
Uns figos que estavam a secar na eira desapareceram, roubados por algum guloso, e as culpas foram cair no José. Porquê? Porque sim. Era o mais novo dos trabalhadores. Só podia ser ele.
De nada lhe serviu gritar a sua inocência. Quem acredita num garoto, ainda por cima servo, um desclassificado, um ranhoso?
A mando do senhor, o capataz ferrou-lhe três bastonadas nos ossos, à vista de todos, para que servisse de exemplo. José chorou toda a noite, de dor, de humilhação, de revolta.
Voltou a chorar, dias depois, quando soube que o autor do roubo dos figos tinha sido o filho mais novo do senhor. Até houve quem se risse. Entre eles, o filho mais novo do senhor.
As bastonadas, essas, não podiam ser apagadas das costas do servo José como quem apaga, numa folha, um risco errado.
José jurou que havia de vingar-se, demorasse o que demorasse a vingança. Eles, capataz, senhor e filho, iam pagar as três bastonadas e a vergonha.
O mundo deu muita volta. José cresceu.
Puseram-lhe uma lança na mão e disseram que ele era soldado. Como soldado andou por batalhas confusas, dando e levando, sem saber ao certo à conta de quem combatia. Os mandantes da guerra ora se aliavam ora se zangavam e os respectivos exércitos eram ajustados ou retalhados, ao sabor dos caprichos dos senhores.
Um dia, José, no meio de uma refrega, viu-se diante do filho do senhor, tão homem feito como ele. Vinha a cavalo, pronto a enfrentar outro cavaleiro da sua estirpe. José, com o cabo da lança, deu-lhe uma bastonada que quase o derribou do cavalo. Depois, soldado apeado, continuou a correria atrás do pendão, indiferente ao destino do adversário.
Só lhe faltavam duas bastonadas.
Aconteceu que no fim dessa batalha, o cirurgião do exército em que o José estava alistado precisou de ajudantes. José ofereceu-se e tão bem se houve a cuidar dos feridos que o mestre cirurgião o pôs ao seu serviço.
Quando, finalmente, voltou a paz àquelas terras, o cirurgião não quis desfazer-se do aprendiz.
José aprendeu com o mestre tudo o que ele tinha para ensinar. Foi assim que o antigo servo órfão acabou por tomar, por sua conta e risco, o título de cirurgião.
Naquele tempo, como já disse, não havia escolas. Davam-no como um grande doutor.
Vieram, uma vez, ter com ele, a pedido do castelão, aflito com um osso de galinhola atravessado nos gorgomilos.
José foi visitá-lo e deparou com o senhor que ordenara as bastonadas. O homem estava quase sufocado.
- Tragam-me um pau - pediu José, diante do doente. - Para se livrar dessa aflição, tem de levar uma bastonada.
Parece que cuspiu o osso, mas José já não quis saber. Também não tinha levado nada pela consulta.
Só faltava uma bastonada.
Ele a sair do castelo e um moleiro a vir ter com ele aos gritos.
- O meu pai estava a ajudar-me a desmanchar o engenho do moinho e cai-lhe a mó em cima de uma perna. Que desgraça!
José acudiu e foi dar com o antigo capataz a torcer-se de dores, com uma perna esmagada pela mó do moinho.
- Traga-me um pau bem grande - pediu o cirurgião José, que antes tinha sido José, menino órfão, servo castigado inocente.
O filho do capataz trouxe um pau.
- Maior - exigiu o cirurgião José.
O filho do capataz foi buscar. Quando veio com uma viga de todo o tamanho, José disse-lhe:
- Agora ajude-me que eu sozinho não consigo.
Entalou o madeiro entre o chão e a mó, os dois em peso fizeram de alavanca e assim conseguiram arredar a perna do capataz do aperto em que estava.
- Salva-se? - perguntou o filho do capataz.
O cirurgião José olhou para a perna ensanguentada e para o desfalecido capataz e respondeu:
- Salva-se.
E tratou-o. E salvou-o.
Esta bastonada foi a que lhe deu mais gosto pagar.
O senhor ofereceu as costas de bom grado e zás, apanhou uma paulada e tanto.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008


Má Boca
António Torrado (escreveu)
Cristina Malaquias (ilustrou)

Dantes, lá para os lados da Rússia ou mais longe ainda, havia uma rainha caprichosa e esquisita de boca, que, por maldade ou desfastio, se especializara em provocar dores de cabeça aos cozinheiros do palácio.
- Amanhã quero para o almoço um puré de pétalas de açucena, colhidas ao alvorecer e sem mais tempero senão dois dedais de manteiga, fabricada com o leite de vacas brancas, sem malha nenhuma no dorso. Isto que venha a acompanhar finas fatias de fiambre de salmão da Geórgia, pescado à mão por mergulhadores bizantinos. Não esquecer o pormenor dos mergulhadores bizantinos, indispensável para a boa qualidade do salmão.
Os cozinheiros registavam a encomenda e suspiraram para dentro, porque se suspirassem para fora, ai deles! Por muito menos já alguns tinham sido chicoteados... Tempos maus esses para os cozinheiros.
Cada dia, uma extravagância nova. Quando, uma vez, a rainha exigiu, para um jantar de festa, bifes de dragão, os cozinheiros entreolharam-se, em silêncio, cheios de pavor. Onde é que eles iam encontrar um dragão? E como é que haviam de caçá-lo, eles, humildes cozinheiros, que não conheciam outras armas senão as facas de cozinha, os trinchantes e as escumadeiras? Que aflição.
Foram ter com o rei, para pô-lo a par do que a sua real esposa pretendia. E explicaram-se:
- Um dragão, tão nobre bicho, não se deixa caçar por cozinheiros. Só um caçador real conseguirá tal proeza.
O rei percebeu logo onde eles queriam chegar. Mandou-os em paz. Depois, foi ter com a rainha e disse-lhe:
- Minha senhora esposa, venho despedir-me. Parto para a caça ao dragão, que vos apeteceu. Se não regressar dentro de dois dias é porque o dragão decidiu incluir-me no jantar dele, em vez de ser ele incluído no vosso.
A rainha, que se achava ainda muito nova para experimentar a viuvez, protestou, dizendo que afinal a ideia dos bifes de dragão talvez não tivesse sido muito feliz, tanto mais que, segundo constava, a carne de dragão era um bocado indigesta.
- Talvez para o dragão a minha seja menos - comentou o rei, com ar decidido.
E partiu. Demorou-se.
Passaram dias, semanas, meses e o rei sem voltar.
Constava que, para lá das montanhas, encontrara um dragão no seu covil e com ele batalhara, na vã tentativa de arrancar-lhe uns bifes, ao que o dragão se opusera.
Ao fim da luta, ganhara quem tinha de ganhar... Pobre rei! A rainha nunca mais se lembrou do jantar de festa nem de qualquer outro jantar ou almoço ou pequeno-almoço. Recusava-se a comer, carregada de desgosto e luto. E carregada de remorsos.
Um dia, apareceu à porta do palácio um mercador, que apregoava dentes de dragão. Tinha um ar estranho, usava um manto até aos pés e pesadas barbas que lhe fechavam o rosto. Pediu para ser recebido pela rainha.
Quando ela viu, enfiado num dos dentes de dragão, um anel a luzir, a senhora rainha desmaiou. Tinha reconhecido o anel, usado pelo rei.
- Ai o meu pobre Carlos! - gemeu ela, ao desfalecer.
- Carlos Terceiro, Imperador da Transcaucásia, Caucásia, Subcaucásia e Recaucásia, Califados vários e Emiratos anexos. Sim, eu, o rei vosso marido - disse o mercador, arrancando as barbas, que eram postiças claro, já se percebeu.
A rainha, desmaiada, desfalecidinha de todo, apanhou, para restabelecer a circulação, uns tabefes meiguinhos e, quando acordou e se viu nos braços do marido, mais não conto...
Conto só que se curou dos apetites maníacos e que agora come de tudo, carne, peixe, fruta e doces do menu corrente e sempre com temperança real, como convém a tão distinta majestade. Nunca se chegou a saber se os dentes de dragão seriam verdadeiros. Eu desconfio...

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

HISTÓRIA DO DIA




Duas Mulheres


António Torrado (escreveu)


Cristina Malaquias (ilustrou)


Era uma vez duas mulheres. Uma tinha muitos filhos. A outra não tinha nenhum.
Um dia, a que não tinha filhos convidou a outra para ir lá a casa.
Mas que viesse só. Sim, sobretudo que viesse só, sem a ranchada de filhos atrás, porque ela, sim, tomasse nota, porque ela não gostava de crianças.
- Ui, são insuportáveis! - dizia.
- Desarrumam tudo, sujam tudo, estragam tudo. Eu nunca quis ser mãe porque me falta paciência para aturar gaiatos.
A casa dela estava recheada de coisas e coisinhas, todas muito bem colocadas em prateleiras e prateleirinhas.
Era uma casa cheia e muito asseada, por onde se andava com muita cautela, quase em bicos de pés, para que as prateleiras não estremecessem e as coisa e coisinhas não se sobressaltassem.
A mulher que tinha muitos filhos mirou tudo o que a dona da casa sem crianças lhe quis mostrar.
Não só o que estava à vista, mas também as gavetas e arcas atulhadas de rendas, lençóis, toalhas, e os armários carregados de vestidos, blusas, casacos, que a mulher sem filhos gostava de exibir às visitas.
- Tivesse eu filharada e não podia ser tão rica - dizia ou parecia dizer a mulher sem filhos.
Tempos depois, foi a vez de a mulher com muitos filhos convidar a outra para ir lá a casa. Que algazarra! Miudagem por todo o lado.
Muito atordoada, no meio das crianças, a mulher sem filhos olhava para o desalinho da casa, a pobreza dos móveis, a fraqueza da despensa. Pois sim.
Ela é que estava na razão, ela é que tinha juízo, por nunca ter querido ter filhos.
Chegou a altura de tomarem chá.
- Mariana, faz-me um favor e põe a água ao lume para o chá - pediu a mãe à filha mais velha.
- Não temos chá - disse a filha Mariana.
- Então, ó Carlos, vai ali à loja do Senhor Augusto e compra uma lata de chá, das pequenas - pediu a mãe a um dos irmãos da Mariana.
Quando, já de chávenas na mão, deram pela falta do açúcar, a mãe pediu:
- Rosa, pega no açucareiro e vai a casa da vizinha Adriana pôr uns torrõezinhos - pediu a mãe.
- Mas, depois, não os comas pelo caminho...
Toda a miudagem se riu. Era uma casa muito alegre.
Depois do chá, a filha Noémia pôs-se a pentear a mãe, que era uma maneira de fazer-lhe festas. Com o Toninho ao colo, o mais novo do rancho, a mulher que tinha muitos filhos conversava despreocupadamente com a mulher que não tinha filhos.
- Eles são a minha riqueza - contava ela, sorrindo e fazendo um grande gesto em roda.
A mulher sem filhos compreendeu e até talvez sentisse, lá no íntimo (que é o sítio onde se guarda o coração...) e reconsiderasse, finalmente, que a mulher com filhos era muito mais rica do que ela.

domingo, 7 de dezembro de 2008

História do dia


Sape, Cão!


António Torrado (escreveu)


Cristina Malaquias (ilustrou)


Era uma vez um cão com dono...

Era uma vez um gato sem dono...

- Quem vem lá? - pergunta o cão, de focinho no ar, a farejar, a farejar...

Claro que esta pergunta a fez ele muito antes de tudo isto começar - aí a uns duzentos metros desta história.

O gato não tem o faro tão apurado, mas os olhos dele atravessam a distância e pressentem sombras e ameaças, que só ele conhece. Por acaso, desta vez, o gato não ia a olhar para onde devia. Era um gato distraído. Ou míope. Quando se lhe eriçaram os bigodes, já era tarde. À sua frente, de supetão, um cão cãozarrão, voz de trovão...

Que aflição! Foge! Antes que lhe dissessem, já ele tinha fugido. As patas iam à frente, e ele com elas.

Tal como nos filmes de desenhos animados. Este filme é curto. Acaba numa árvore sem frutos, sem folhas, uma árvore mesmo a propósito para salvar gatos. Correu por ela acima e não deu por que subia. Nem que fosse um pinheiro gigante, um mastro, um muro de castelo. Nem que fosse a Torre Eiffel...

De unhas-canivetes-picaretas, com a pressa atarantada em que ia, o gato até era capaz de trepar à Lua, se houvesse escadas para lá chegar. Ficou-se pelo cimo da árvore. Deu por isso quando lhe faltou o apoio. Sobravam-lhe forças para muito mais lances.

- E agora? - perguntou, lá de acima, o gato, engolindo ar.

Ele era preto, como o corvo da fábula, enquanto o cão, mal acomparado, fazia as vezes da raposa. Faltava apenas o queijo. E a manha.

- E agora? - perguntou de novo o gato, mais seguro do seu poiso.

- Agora fico à espera que a árvore dê frutos e os frutos caiam de maduros... - rosnou o cão.

Se nos ficássemos por aqui, esta história não chegava ao fim, o que era pena. Temos nós, portanto, de acrescentar o mais importante da fábula. Sim, porque isto é uma fábula, a do cão, animal doméstico, e do gato, animal vadio...

As conclusões, vocês que as tirem.

- Piloto! - chamou uma voz ao longe.

O cão Piloto fingiu que não era com ele.

- Estão a chamar-te, Piloto. Tens de ir - aconselhava-lhe, do seu poleiro, o gato.

- Sempre ouvi dizer que os cães são muito obedientes.

- Piloto! - repetiu a voz, mais perto e mais impaciente.

O cão rosnou, levantou os traseiros e voltou a sentar-se.

- Piloto, venha já ao dono! - gritou a voz ameaçadoramente perto.

E o Piloto, de cabeça baixa, lá foi, suspirando...

“Literatura Infantil e Tradição Oral: que desafios para a Escola?”

No dia 29 de Novembro realizou-se no Auditório Municipal de Chaves, o workshop "Literatura Infantil e Tradição Oral: que desafios para a Escola?", tendo como orador o Doutor Alexandre Parafita (Escritor e investigador/UTAD e Centro de Tradições Portuguesas da Universidade de Lisboa).
Com uma vasta obra de livros infantis e infanto-juvenis, o autor realça que "A criança de hoje cresce dominada ou moldada pela cultura dos media, especialmente a televisão. Por sua vez, muita da literatura infantil tende a reflectir essa mesma cultura, ao aparecer excessivamente estereotipada em relação aos modelos do imaginário propostos pelos media.
Será que é possível reequilibrar esse excesso, com a reutilização de alguns dos melhores recursos da literatura oral tradicional: a educação da sensibilidade, o estímulo da imaginação, o respeito pela identidade e pela memória?"
O Presidente do Conselho Executivo do Agrupamento Vertical Dr. Francisco Gonçalves Carneiro, o Professor Fernando Dias, começou por dar as boas-vindas e respectivo agradecimento ao convidado de honra.
Estiveram também presentes o vice presidente Francisco Santos que apoiou os organizadores nos trabalhos de preparação do Workshop e o director do novo Centro de Formação, o professor Altino.
Seguiu-se a intervenção do Doutor Alexandre Parafita começando por agradecer à organização, Departamento Curricular do 1.º CEB e Biblioteca Escolar do Caneiro o facto de o terem convidado.
Fez algumas leituras de textos das suas obras, contos... poesia... encantando todo o público presente.
Após um curto intervalo, onde se puderam adquirir algumas das obras do autor e depois de uma sessão de autógrafos, reiniciou-se o Workshop com um espaço para o debate. Foi moderador o director do jornal "A Voz de Chaves", Paulo Chaves.
A presidente da Associação de Pais/Encarregados de Educação do nosso Agrupamento, Manuela Tender, interveio no sentido de agradecer ao autor o facto de nos ter proporcionado momentos tão mágicos e referiu os livros do autor como literatura de interesse para todos os graus de ensino.
O Departamento agradece a todos os presentes.