CORREIO DA CARNEIRO - DEPARTAMENTO CURRICULAR DO 1.º C.E.B. DO A.F.G.CHAVES

domingo, 16 de novembro de 2008

HISTÓRIA DO DIA


Cuidado com o Poço


António Torrado (escreveu)


Cristina Malaquias (ilustrou)


Uma raposa, que vinha a fugir dos caçadores, enfiou para dentro de um poço, à falta de melhor esconderijo.
Lá no fundo, lamentou-se:
- Safei-me de morrer de uma chumbada, mas daqui de dentro é que eu não me salvo.
Era um poço seco, um poço abandonado. Recordando o antigo uso, tinha na borda um balde, preso a uma corda de rodízio.
A outra ponta da corda estava caída no fundo, aos pés da raposa.
- Se eu conseguisse trepar pela corda acima, estava garantida - pensou a raposa.
Tentou, mas só conseguiu soltar o balde que balançou, na outra extremidade, como um sino sem badalo.
Uma ovelha, despegada de um rebanho que pastava num monte perto, estranhou o barulho e o balde a baloiçar, na boca do poço, e foi espreitar. A raposa viu-lhe a cabeça felpuda e gritou-lhe:
- Senhora ovelha, ainda bem que a encontro. Quero partilhar consigo esta novidade. Encontrei aqui em baixo uma mina de água, que é a uma maravilha. Um milagre! Mal a bebemos, ficamos com asas. Tão leves, tão leves que nem passarinhos...
A parva da ovelha entusiasmou-se:
- Com asas? Quem me dera! Como posso provar dessa água milagrosa?
- Meta-se no balde, que está aí em cima, e venha ter comigo, antes que a água acabe.
A ovelha não pensou duas vezes. Atirou-se para dentro do balde, que desceu com o peso, puxando para cima a outra ponta da corda, onde vinha agarrada a raposa.
- Eu bem dizia que este poço dava asas - dizia a espertalhona, ao pôr os pés em chão seguro.
E fugiu daquela armadilha do destino, a rir-se da malvadez.
Dar ouvidos a uma raposa, acreditar em água ou o que fosse que oferece asas a quem quer beber, que disparate, que estupidez!
Por tanta imbecilidade junta, mais merecia ela lá ficar no fundo do poço do que a raposa. A ovelha chorou, mas já não lhe valia de nada.
Vá que vá que ainda lhe valeu...
O pastor, quando foi a contar as ovelhas e deu pela falta de uma, foi procurá-la.
Chamado pelas lamúrias da ovelha, chegou-se à beira do poço e salvou-a a tempo.
Vá que vá que a história acabou em bem...
Mas nem sempre acabam assim...
A ovelha baliu desesperada e humilhada com a sua tontice.

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